Estudos recentes revelam que a obesidade poderá ter um papel na gravidade da infecção por COVID-19, tal como são a idade e algumas doenças crónicas como diabetes, hipertensão arterial e doenças cardio-vasculares.
O IMC ou índice de massa corporal é um índice que relaciona o peso com a altura. Considera-se que um indivíduo tem excesso de peso ou obesidade se o seu IMC é superior a 25 kg/m². Por exemplo, para uma mulher com 162cm, o peso ideal deve situar-se entre os 49 e os 65kg e para um homem de 175cm, o peso ideal deve situar-se entre os 57 e os 76kg.
Estudos recentes sugerem que a obesidade de forma independente pode ser um preditor de doença grave particularmente nas pessoas com menos de 60 anos. Isso torna-se preocupante, pois 2/3 da população adulta têm um índice de massa corporal (IMC) na faixa de excesso de peso ou obesidade.
Dados preliminares dum estudo chinês envolvendo 383 pacientes sugerem que o excesso de peso ou obesidade aumentaram o risco de desenvolver pneumonia grave como resultado do covid-19, principalmente em homens.
Noutro estudo da China com dados de 112 pacientes relatou que o excesso de peso e obesidade foram quase 5 vezes mais prevalente em pacientes com covid-19 que faleceram em comparação com aqueles que sobreviveram.
Investigadores em França descobriram que quase metade dos 124 pacientes internados numa Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) com covid-19 tinha um IMC na faixa de obesidade. Isto foi quase o dobro da taxa de um grupo de comparação de pacientes de UCI com doença respiratória aguda grave não relacionada ao covid-19. Além disso, a necessidade de ventilação mecânica aumentou com o aumento do IMC.
Um estudo no Reino Unido de pacientes admitidos em cuidados intensivos com covid-19 relatou que quase 75% dos 6720 pacientes tinham um IMC na faixa de excesso de peso ou obesidade, maior que a prevalência da população com excesso de peso e obesidade em adultos no Reino Unido (cerca de 67%).
Embora alguns destes estudos levem em consideração condições crónicas ao relatar os resultados, é difícil separar todas as condições associadas à obesidade que podem contribuir em algum grau para os piores resultados. Portanto, é provável que parte do aumento do risco de covid-19 grave associado à obesidade possa ser devida a pessoas com outras condições crónicas como diabetes e doenças cardio-vasculares.
Não se sabe exatamente qual o papel da obesidade na gravidade dos sintomas da covid-19, no entanto é provável que os mecanismos sejam vários, principalmente porque a própria obesidade é o resultado de uma complexa interação entre fatores genéticos, hormonais, comportamentais, sociais e ambientais.
Sabe-se que a obesidade pode ter um impacto significativo na função pulmonar. O excesso de peso ao redor da zona abdominal pode comprimir o tórax, dificultando a movimentação do diafragma e a expansão dos pulmões e a entrada de ar.
Também se sabe que a obesidade resulta num estado crónico de inflamação que pode prejudicar a resposta imune do corpo. Isto poderia potencialmente tornar mais difícil para o organismo combater o vírus.
Assim sendo, a população com excesso de peso é considerada grupo de risco?
Não necessariamente. Se o peso corporal estiver acima da faixa saudável, esses resultados não devem causar pânico. Embora os dados sugiram que a obesidade é um fator de risco para doenças mais graves, estes ainda não estudos preliminares sobre o covid-19, sendo necessários mais estudos antes de se tirar conclusões definitivas.
Contudo, é importante salientar que o confinamento obrigatório das últimas 6 semanas resultou em muitas pessoas na redução da atividade física e do aumento da ingestão de alimentos para conforto ou para aliviar o tédio.
Em conclusão, a obesidade é um factor de risco importante para várias doenças e provavelmente também no caso da COVID-19. Mudar hábitos e ter um estilo de vida activo e saudável é importante para perder peso e melhorar o funcionamento dos vários órgãos e sistemas como o sistema imunitário.
Citando Hipócrates, o “pai da medicina ocidental” que há mais de 2500 anos, disse:
“Nós somos aquilo o que comemos e que o vosso alimento seja o vosso primeiro medicamento”.
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